Nunca se escreveu tanto sobre a importância (definitiva!) da
criatividade, da imaginação e do espírito criativo numa sociedade dita do
Conhecimento que se renova a cada instante. Todos os gurus e autores mais ou
menos conhecidos se referem à criatividade com toda a ênfase e excitação que
ela merece pois sendo uma aliada (e cúmplice) da inteligência a ela devemos os
grandes avanços tecnológicos, científicos, culturais e sociais que marcaram a
história humana. Agora, mais do que nunca, a capacidade imaginativa das pessoas
e das organizações é algo muito valioso pois dela depende a resposta inovadora
e diferenciada dos verdadeiramente competitivos (indivíduos, empresas, cidades,
países, etc.) perante os desafios da mudança acelerada que marca o nosso tempo.
Não obstante este constante martelar no tema da criatividade
a maioria das pessoas e da organizações humanas estão pouco despertas para ele.
Por exemplo, o ensino ignora praticamente a criatividade. Aliás, chega a
penalizar quem seja criativo. O mesmo se passa com a maioria das organizações
que pacificamente aceitam que a criatividade é algo com interesse mas na
prática recuam quando se trata de enveredar por caminhos que exijam alguma
inventividade. Ou seja, parece que, frequentemente, a criatividade assusta.
Todavia, se não fosse a criatividade de muitas pessoas estariamos - todos! -
ainda ao nível dos progressos (simples) Idade da Pedra Lascada.
Aceitamos benevolamente a criatividade como um traço de
personalidade e não como uma característica do potencial humano que todos temos
com maior ou menor evidência.
As estatísticas dão-nos uma ajuda para compreender o porquê
da situação. Cerca de 15% das pessoas são realmente criativas. Assim, temos uma
maioria de 85% que prefere a comodidade do conformismo das ideias já
comprovadas e aceites.
Temos assim que os espíritos conservadores raramente são
criativos nada se podendo esperar deles de verdadeiramente novo. São
seguidistas, na maior parte do seu tempo de vida.
Alguns autores defendem a tese de que esta situação fica a
dever-se aos modelos de educação que seguimos. São modelos tradicionais onde a
memorização é mais valorizada do que a inteligência criativa. E, assim, 9 anos
de escola obrigatória eliminam muito do potencial criador das crianças, as
quais se tornam adultos pouco dados a exprimirem verdadeira criatividade. E
como as organizações se agarram, por natureza, aos seus alicerces e ideias já
feitas, raramente apreciam os espíritos criativos e arrojados.
Felizmente que a sociedade está mais competitiva abrindo-se
assim espaço para que a criatividade seja finalmente desejada e valorizada.
Será, dentro em pouco, uma disciplina bem paga a quem for realmente criativo
(até mesmo nas organizações mais cinzentonas como as da administração
pública!).
Nelson S. Lima